GILBERTO RICARDO DOS SANTOS
Poeta.
Morreu em 20 de fevereiro de 2012, um dos mais talentosos publicitários paranaenses. Gilbertinho, Gilberto Ricardo dos Santos, aos 68 anos. Foi um dos fundadores da Múltipla Propaganda.
BACK, Sylvio. Cinquenta anos. Díário do Paraná. Edição fac-similar. Capa : Guilherme Mansur. Reprodução fotográfica: Cadi Busatto. Coordenação gráfica: Rita de Cássia Solieri Brandt. Projeto gráfico: Adriana Salmazo Zavadniak. Curitiba, Paraná: Itaipu Binacional, 2011. S. p. Inclui 7 folhas dobradas 94 x 1,26 cm., com imagens de páginas do suplemento literários dos anos 1959 – 1960, acomodadas numa caixa de papelão 35x 48 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda.
2 poemas
Quando ainda era manhã e a cidade
um largo e manso sorriso branco,
muitos sonhos acordavam pássaros
e esqueciam que tiveram ante um gosto triste.
Quando ainda era flores,
os olhos não procuravam significados
para todas as palavras e para todos os sentimentos.
E a paz não era feita de nada.
Mas agora é noite e a cidade tem uma calma
que é quase um desespero.
E os olhos e sonhos são infinita procura.
E paz é um lago manso, claro, simples.
*
*
Eu vou primeiro fazer um pássaro de barro
com olhos e asas e um pouco de poesia
para fazer dele, depois,
um pequeno barco de barro
onde caiba a alma e o sentimento caiba
e onde caibam ainda todos os caminhos
e todas as ternuras.
Então deste pequeno barco de barro,
eu guardarei a menor e a mais suave das lembranças,
para quando você falar em pássaros e barcos,
eu sorrir e ficar em silêncio,
assim em calma de quem compreende.
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Poema publicado em 26 de junho de 1960
poema
Eu quero destas luzes unicamente as sombras
e das sombras quero o momento triste e irreal
que elas deixam.
Vim à procura da beleza, do verso puro de beleza
para colocar entre todas as árvores
que a cidade guarda em desespero
É calmo esse murmúrio,
é sobretudo triste esse murmúrio
e eu queria escutar além das folhas
e ouvir a palavra mais profunda,
e o canto mais perfeito
para dar a tudo um significado mais eterno,
de paz total.
Agora tome esse barco e vá que este é o último.
Deixe que as coisas seja o que são
e deixe que os dias se voltem contra ti e te magoem
ou que te tragam luz e te iluminem,
e chore, e sorria, aceite a tua vida e viva,
mas não esqueça de mim, que te deu o barco e o caminho.
Eu ficarei aqui... perdido não, mas muito triste,
porque você se foi, e o barco e o caminho.
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Poema publicado no dia 9 de outubro de 1960
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Página publicada em fevereiro de 2021
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